segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Brasil: anos 1940 e 1950

Política de Boa Vizinhança
A política de boa vizinhança foi a ampliação de relações políticas e econômicas do governo norte-americano com os demais países da América durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A política de boa vizinhança incluía no plano econômico: facilidades na obtenção de empréstimos e incentivos ao investimento de capitais norte-americanos.
Com isso, o governo norte-americano conseguiu atingir seus interesses para suas indústrias (ele estimulou o Brasil a importar borracha e minérios porque eram produtos essenciais para as indústrias norte-americanas) e conseguiu a liderança sob os demais países.
Os Estados Unidos influenciaram muito o Brasil durante essa época, através de intensas propagandas de empresas norte-americanas nos jornais, cinema e nas emissoras de rádio para espalhar uma imagem positiva dos EUA aos brasileiros e vice-versa.


OEA (Organização dos Países Americanos)
O governo norte-americano criou a Organização dos Estados Americanos (OEA) para garantir a permanência do Brasil e os outros países da América sob sua área de influência. Teoricamente, essa organização tinha como objetivo aumentar os laços de cooperação entre os países das Américas, mas na prática, era somente a liderança dos Estados Unidos sobre o continente americano, essencial no contexto da Guerra Fria.
Os Estados Unidos criou escolas especiais para o ensino de inglês e colocou esse idioma no currículo escolar oficial de vários países, inclusive no Brasil. Essas ações eram muitos diretas e caracterizavam a sua ''política de boa vizinhança'' com os demais países americanos. 
Mas no final da Segunda Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidos diminuiu essas ações com os demais países. Porém, a influência cultural norte-americana continuou forte no Brasil durante as décadas seguintes.


Cinema
No cinema, a influência norte-americana era muito forte. A Walt Disney, graças ao sucesso das animações norte-americanas, colaborou com a política de boa vizinhança, criando um personagem ''brasileiro'', o Zé Carioca.
Os estúdios norte-americanos produziam filmes considerados educativos, em forma de documentário, cinejornal e desenho animado, que eram exibidos nos mais diversos locais, como escolas, clubes, sindicatos e praças públicas. Eram produções que abordavam temas ligados à higiene, saneamento e saúde.
As produções norte-americanas ocuparam um grande espaço nos cinemas brasileiros e por consequência disso, houveram protestos de artistas e intelectuais que afirmavam que a cultura brasileira estava ameaçada. E enfim, em 1946 foi criada uma lei de proteção ao cinema nacional. Ela estipulava a obrigatoriedade da exibição de pelo menos um filme brasileiro a cada quatro meses, em todas as salas de cinema.

Propaganda de 1951
O Rádio
O rádio era o principal meio de comunicação daquele período e teve forte influência norte-americana, assim como o cinema. Programas brasileiros como ''Acredite se quiser'' e ''Magazine no ar'' divulgavam os valores culturais norte-americanos e exibiam entrevistas com estrelas do cinema. E programas como ''As Américas em guerra'' e ''As Nações Unidas falam'' apresentavam notícias internacionais, com destaque ao andamento da Guerra e à participação norte-americana no conflito.

Propagandas de 1950 a 1960. Pode-se notar a influência americana nos produtos e em seus nomes.


O governo de Dutra
Em 1945, Vargas foi deposto e o General Eurico Gaspar Dutra foi eleito à presidência graças às bases políticas formadas por Getúlio Vargas .No ano de 1946 foi elaborada uma nova constituição que determinava a autonomia entre os três poderes e a realização de eleições diretas para os cargos executivos e legislativos estaduais, municipais e federais. Militares e analfabetos não poderiam votar, o voto feminino foi mantido e sua idade mínima reduzida para os 18 anos de idade.
O governo de Dutra facilitou a movimentação de capitais estrangeiros e adotou uma política de livre-importação de bens manufaturados, com o objetivo de atrair investimentos para o país. Essa política consumiu grande parte das reservas do país em produtos não essenciais ao seu desenvolvimento, ocasionando uma elevação do custo de vida e diminuição do valor real dos salários. Os operários ficaram descontentes com a situação e organizaram manifestações e greves.
Durante seu governo, ocorreram muitas prisões, manifestações e greves públicas que foram proibidas por causa de leis elaboradas pelo governo e jornais que foram fechados. O governo alegava que o Partido Comunista do Brasil (PCB) era o responsável pelas agitações das manifestações, e então o governo colocou-o novamente na ilegalidade em 1947 e cassou seus deputados. Essa medida tomada pelo governo, estava em alinhamento com a política do bloco liderado pelos Estados Unidos na Guerra Fria, em combate ao comunismo.

General Eurico Gaspar Dutra, foto de 1945.
A Volta de Vargas
Em 1950 era o ano de novas eleições presidenciais, e o cenário político nacional experimentava a carência de líderes políticos nacionais. O PSD ofereceu a candidatura do mineiro Cristiano Machado e a UDN apostou novamente no Brigadeiro Eduardo Gomes. O PTB por sua vez, chegava à frente lançando o nome de Getúlio Vargas, que venceu com 48% dos votos válidos.
Em seu governo, Vargas investiu em setores da indústria de base, nos transportes e em serviços públicos, como energia. Ou seja, inaugurou a Hidrelétrica de Paulo Afonso, criou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), em 1954 enviou ao congresso proposta de criação das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás) e criou a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), estabelecendo o monopólio estatal dessa fonte de energia.
Sua política era apoiada por militares nacionalistas, parcelas dos industriais, das camadas médias urbanas e do operariado, mas contrariava os interesses da burguesia comercial importadora e exportadora.
A burguesia comercial ficou muito insatisfeita quando Vargas enviou ao Congresso o projeto da Lei sobre Lucros Extraordinários, que pretendia combater as remessas excessivas de lucros para o exterior pelas empresas, mas esse projeto não foi posto em prática. Em março de 1953 aconteceu a ''Greve dos 300 mil'', realizada na capital paulista pelos operários do setor têxtil, e em um mês, o movimento envolvia todas as categorias de trabalhadores do estado de São Paulo, os portos de Santos e do Rio de Janeiro.

A Queda de Vargas
Vargas procurou o apoio dos trabalhadores, e por isso dobrou o valor do salário mínimo (atitude criticada pelos industriais e por altos oficiais do Exército). Mas mesmo tentando se aproximar dos trabalhadores, Vargas não conseguiu se manter no poder.
Em meados do ano de 1954, Carlos Lacerda, um dos principais críticos do governo, sofreu um atentado próximo a sua casa no Rio de Janeiro. Neste incidente, morreu um oficial da Aeronáutica que o acompanhava, o major Rubens Vaz. Descobriu-se que o atentado havia sido forjado pelo chefe da segurança pessoal de Vargas. Os oposicionistas atribuíram à Vargas a responsabilidade do crime. Isso acarretou com que um grupo de militares se posicionassem contra Getúlio, exigindo a sua renúncia através de um documento. Além disso, havia ainda denúncias de corrupção envolvendo o governo de Vargas.
Vargas ficou com medo do atentado e diante dessa pressão, suicidou-se na manhã de 24 de agosto de 1954, deixando uma carta, em que fazia uma série de acusações a seus opositores. A morte do presidente ocasionou manifestações de milhares de pessoas.

Getúlio Dornelles Vargas, foto de (?).

As novas Eleições
Deputados e senadores passaram a defender a posse do vice-presidente Café Filho. Ele assumiu o poder com a promessa de convocar novas eleições presidenciais para o ano seguinte. E assim foi feito. No ano seguinte, os que apoiavam o governo de Vargas passaram a apoiar a candidatura de Juscelino Kubitschek para presidente e João Goulart para vice-presidente. Eles ganharam. 
Kubitschek tinha o apoio dos industriais e das camadas médias, já que havia sido governador de Minas Gerais e durante seu mandato, implementou uma política de desenvolvimento industrial. E João Goulart tinha o apoio dos trabalhadores porque era Ministro do Trabalho durante o governo de Getúlio Vargas e foi o autor da proposta de dobrar o salário mínimo. O povo via nele a continuidade da política trabalhista de Vargas.

Juscelino Kubitschek De Oliveira, foto de 1955.

Plano de Metas
Em 1956, Kubitschek iniciou o seu governo com a promessa de realizar ''50 anos de desenvolvimento em 5 anos de governo''. Ele elaborou o Plano de Metas, com o objetivo de integrar a economia brasileira ao capitalismo mundial.
Esse plano envolvia uma forte intervenção do Estado na economia, investidores estrangeiros e previa a construção de hidrelétricas, redes de comunicação e transporte, desenvolvimento industrial, deslocamento do eixo político-econômico e indústrias multinacionais. E foi construída a nova capital do Brasil, Brasília.


Situação social
O projeto econômico de Kubitschek, ''desenvolvimentismo'', beneficiou as camadas médias urbanas graças a melhora das condições financeiras, que garantiu-lhes o acesso aos bens de consumo produzidos nas novas indústrias e o acesso de seus filhos às universidades.
Os empresários e grandes empreiteiros também foram fortemente beneficiados pela política econômica desenvolvimentista, já que eram os responsáveis pela execução das principais obras públicas.
Os trabalhadores, em sua maioria, ficaram excluídos dos benefícios do crescimento econômico. Apesar do aumento nas ofertas de emprego, as vagas se concentravam nas áreas mais industrializadas, ocasionando a migração desses trabalhadores para os polos industrializados, em busca de emprego e melhores condições de vida. Mas grande parte desses trabalhadores não conseguiram emprego nas fábricas, sendo obrigados a aceitarem trabalhos temporários e com baixos salários, em sua maioria no setor de construção civil.

Inflação e dívida externa
Muitos trabalhadores migraram para as regiões mais industrializadas, e isso provocou um grande ''inchaço'' dos núcleos urbanos, cuja infraestrutura era insuficiente para esse aumento populacional. A agricultura não recebeu os mesmos incentivos que a indústria, ocasionando a diminuição da produção rural e consequentemente o aumento do preço dos alimentos e a elevação do custo de vida. Como resultado, uma inflação muito alta.
Os salários não cresciam no mesmo ritmo dos preços e por isso houve um aumento das manifestações. As elevadas taxas de crescimento industrial já não eram mais possíveis e o alto volume de empréstimos estrangeiros resultou em um grande endividamento externo e desequilíbrio nas contas públicas.

Greve nas cidades
Devido a essa crise econômica, os trabalhadores realizaram, em 1957, uma grande greve no estado de São paulo que mobilizou cerca de 400 mil trabalhadores. Após 10 dias de greve, os operários obtiveram um parecer da Justiça do Trabalho que lhes garantia 25% de aumento salarial.
Em novembro de 1960, no Rio de Janeiro, cerca de 100 mil trabalhadores ferroviários, marítimos e portuários exigiram a igualação de seus salários com os dos militares, que haviam recebido um aumento em julho daquele ano. O governo reagiu com violência ao movimento, mas com a intermediação de congressistas, decidiu negociar. E o movimento foi encerrado, logo após a criação da Lei da Paridade, que igualava os salários de funcionários civis com os dos militares.
Novos líderes sindicais surgiram durante a greve, que criticavam os antigos líderes por aceitaram a subordinação dos sindicatos ao Estado. Eles reivindicavam a ampliação da participação dos trabalhadores no debate político e a realização de reformar sociais mais amplas, além dos salários.

Trabalhador em greve. Foto de 1957.

A luta pela terra
Os pequenos agricultores foram prejudicados pela diminuição da produção agrícola. Eles reagiram participando das Ligas Camponesas, organizações criadas a partir de 1955, que se espalharam por vários pontos do país, principalmente no Nordeste e reuniam pequenos proprietários, arrendatários e meeiros. Lutavam contra a expulsão dos camponeses das terras em que trabalhavam e contra o aumento de preço dos imóveis e propunham a imediata redistribuição das terras. Seu lema era ''reforma agrária na lei ou na marra''.
As Ligas Camponesas possuíam uma sede na capital do estado ou em uma cidade de grande porte, próxima do local onde estavam estabelecidos os trabalhadores, visando assim, obter o apoio de trabalhadores urbanos e intelectuais para as lutas no campo.
O governo federal, diante do crescimento dessas organizações e o seu poder de pressão, teve que interferir nos conflitos pela terra e a desenvolver projetos de reforma agrária, propondo medidas como a desapropriação de latifúndios improdutivos. Mas as iniciativas do governo não foram suficientes para controlar os conflitos, e sendo assim, eles se estenderam por vários anos, ocasionando a morte de muitos trabalhadores rurais.

O lema dos participantes das Ligas Camponesas.

O Cinema Novo
O Cinema Novo foi um movimento cultural realizado na década de 1950. Seus integrantes defendiam uma nova forma de fazer cinema: propunham a produção de filmes em prazos curtos, com pequenos orçamentos, privilegiando o conteúdo e não a qualidade técnica. Eles achavam que os filmes deveriam tratar de temas brasileiros, abordando temas como a pobreza e as favelas, destacando a necessidade de mostrar e discutir as causas da miséria e das péssimas condições em que viviam muitos brasileiros. Alguns dos representantes desse movimento: Nelson Pereira dos Santos, Anselmo Duarte, Ruy Guerra e Glauber Rocha.

Filme ''Deus e o Diabo na terra do sol'', filme de Glauber Rocha, 1964.

Mudanças no Teatro
Foi criada a companhia Teatro de Arena, em 1953. Atores e diretores, integrados nessa companhia, queriam a montagem de espetáculos de baixo custo. Esses espetáculos eram preparados para a apresentação em ''arena'', um espaço circular com a plateia ao redor, e não no tradicional palco situado à frente dos espectadores. Essa forma de apresentação tinha como objetivo da companhia de ''levar o teatro ao povo'', porque não exigia um espaço fixo, possibilitando a encenação de peças em clubes, fábricas, escolas, sindicatos e praças públicas, sempre com ênfase em conteúdos sociais. O Arena associou-se ao grupo Teatro Paulista dos Estudantes, ligado à universidade de São Paulo, incorporando a ideia de que o teatro devia atuar como instrumento de conscientização popular


Filmes nos anos 50

Uma Pulga na Balança (1953)
Uma comédia clássica e inesquecível! De dentro da cadeia ele é capaz de comprometer a vida de ricaços e seus herdeiros. Achou o tema bastante atual?Bem recebido pela crítica, a trama do filme se desenrola a partir de um detento que, sem sair da prisão, escreve cartas falsamente comprometedoras para ricaços recém-falecidos. Os herdeiros destes, em nome das boas aparências, terminam por aceitar a chantagem nelas propostas. Ao tentar socorrer financeiramente uma pobre companheira de prisão, o estratagema do detento torna-se a prova de acusação contra ele.


Rio 40 Graus (1957)
O filme é um semi-documentário sobre pessoas do Rio de Janeiro e acompanha um dia na vida de cinco garotos de uma favela que, num domingo tipicamente carioca e de sol escaldante, vendem amendoim em Copacabana, no Pão de Açúcar e no Maracanã.
É considerada a obra inspiradora do cinema novo, movimento estético e cultural que pretendia mostrar a realidade brasileira. O filme foi censurado pelos militares, que o consideraram uma grande mentira. Segundo o censor e chefe de polícia da época, "a média da temperatura do Rio nunca passou dos 39,6º C".

E o filme atual, ''Getúlio'' (2013)


Moda nos anos 40

Homens
Inspirados nas Big Bands, os ternos Zoot eram as roupas masculinas. Calças largas com cintura alta eram vestidas com paletós longos. Na época, também devido o racionamento por causa da Guerra, a maioria dos homens parou de usar coletes por baixo dos paletós e os estilistas cortaram as calças e os paletós mais estreitos. Os suéteres também fizeram parte da moda masculina e os homens os usavam com decote em V com camisas de colarinho desabotoado e calças sociais fora do trabalho ou para eventos menos formais. 

Mulheres
Muitas das roupas dos anos 40 tinham ombros arredondados, mangas largas, corpetes cheios com cintura moldada. Silhueta estreita e cintura marcada. As saias eram retas com pregas invertidas para facilitar o movimento. Alguns projetistas de moda inspiravam-se em ideias romantizadas de trajes camponeses e até leve inspiração medieval.
Ainda nas fábricas, as mulheres precisam retirar brincos, cintos, deixar os cabelos presos com bandanas ou lenços. A calça passou a ser utilizada como algo utilitário, no trabalho, no campo e na praia, muito mais por uma questão de necessidade do que de revolução, já que era algo mais prático também.
Para a mulher ainda se sentir na moda, os chapéus não foram deixados de lado, porém passaram a ser produzidos em formatos menores. Mesmo assim, algumas mulheres achavam o preço dos chapéus muito alto em tempos de guerra e passaram a usar redes, lenços e turbantes que cobriam mais o cabelo e portanto mais seguro para trabalhar no setor fabril, além se ser algo utilizável tanto dentro de casa como fora.

Moda anos 50

Homens
A maioria dos homens usava ternos simples e jaquetas de couro pretas com camiseta branca por baixo. As cores mais comuns para ternos masculinos eram azul marinho, marrom e preto. As gravatas eram de cores escuras e, principalmente, lisas. Cardigans com camisetas de manga longa eram uma combinação comum. O rosa era uma cor popular para camisas masculinas nos anos 50. O chapéu era um acessório muito usado também.

Mulheres
O estilo elegante dominava a moda feminina em 1950. Os vestidos foram muito usados. As boas maneiras e a etiqueta foram enfatizadas na época. Muitas senhoras usavam luvas e sapatos de salto quando saiam. Saias rodadas e vestidos estilo lápis eram usados por mulheres, mas foram considerados provocantes demais para adolescentes. Os boleros e cintas eram padrão. Estampas florais, cores sólidas e listras eram comuns. Golas largas eram elementos de muitos vestidos.

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